domingo, 14 de abril de 2013

Prazer, Natasha!

   Para os íntimos, Nat. E não, eu não tenho dezessete anos e nem fugi de casa. Embora vontade não falte. Estou no terceiro ano do ensino médio e muitas coisas podem acontecer nessa minúscula cidade chamada Santos Dumont. Moro em um apartamento com minha mãe, Tereza, e meu irmão mais velho Mateus, ou Mátis para os íntimos. As vezes o espaço fica pequeno quando discutimos, o que pode acontecer com uma certa frequência. Mas infelizmente, não tenho dinheiro e só me resta me conformar.
   Eu não passo de uma mera estudante e ando por aí com um bando de roqueiros perdidos. Ou nem tanto, depende muito do ponto de vista. Mas Mátis é o orgulho da família. Faz faculdade de arquitetura, tem um estágio perfeito em Juiz de Fora e além do mais é um ótimo rapaz. Ao contrário de mim, que sou quase uma ogra morta de fome. Não tenho bons modos e as vezes esqueço de não fazer um sorriso sarcástico para as pessoas. Mas não sou tão ruim assim, acho que tenho algumas qualidades.
   Meus amigos são Felipe, vocalista de uma banda, Bianca, minha amiga de infância e Francisco, que é tatuador e comedor de baratas. Não me vanglorio desse talento do Chico, acho nojento e ele já quis me beijar várias vezes mas nunca tive coragem. Falo isso porque eu e Felipe somos amigos com esse - único - benefício. Não chega a ser uma amizade colorida, pois só nos beijamos para suprir alguma carência em casos extremos ou para espantar alguma candidata chata ao cargo de namorada. Mas é legal. O que não vem ao caso agora. Só sei que eu e meus amigos formamos um belo quarteto.
   Santos Dumont é uma cidade sem grandes atrações. Durante a noite, seu território se divide, praticamente, entre funkeiros, roqueiros e playboys. Cada um no seu canto. As pessoas costumam "dar uma voltinha", o que significa olhar o calçadão, sentar em algum banco que fica na avenida principal, ou o que chamamos de "passeio de cima", pois esse lado da avenida é mais alto que o outro e é possível observar todos os passantes. Ou fazer o famoso quadrado mágico, que é quando damos a volta pelo quarteirão do calçadão. Como podem vem, nada de muito excitante. Aparentemente.
   "Trash" é algo que deixa tudo mais interessante. Sempre se consegue um pouco de adrenalina quando alguma coisa ou lugar é classificado com esse lindo adjetivo. E aqui em Santos Dumont, estou sempre procurando por atrações mais podres. Nem que eu e meus amigos tenhamos que inventar, o que quase sempre acontece!

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