segunda-feira, 15 de abril de 2013

No Meio do Caminho Tinha um Filhinho de Papai

   Sexta é dia irmos todos para Juiz de Fora, para a casa do Renato. Renato é o guitarrista da banda do Fê. Um cara legal mas que quando em seu próprio território, pode se tornar um verdadeiro pé no saco. Ele mora sozinho então não temos grandes problemas.E Então nós quatro pegamos e ônibus e partimos para a casa do cara.
   O Felipe é o mais velho entre nós quatro, já na casa dos seus vinte e tantos anos. Vinte e seis, para ser mais exata. E ele inclusive trabalha como jornalista no jornal local. Além claro, de tocar todas as quintas no Fogão de Lenha. Resumindo, Felipe não tem muito tempo livre para bobagens. Mas sempre que possível, está com a gente. E sexta-feira parece ser um dia sagrado. Aliás, somos devotos de Renato e sua querida casa.
   Na última sexta, quando chegamos lá, havia as pessoas de sempre. Com as bebidas de sempre e claro, brincadeiras de sempre. Um dia ou outro, rolava maconha. Renato não gostava de permitir drogas mais pesadas como cocaína e heroína. Então as pessoas se contentavam com maconha mesmo. O que eu recusava, já que para mim nunca teve muito efeito. Mas a galera gostava de pagar de drogado e tudo bem, aquilo não me afetava tanto.
   Eu e  Bianca fomos nos sentar em um canto qualquer da sala. Compartilhamos uma garrafa de Vodca, e começamos a conversar com as outras garotas. Fiz as contas rapidamente, antes de ficar bêbada, que havia três mulheres para cada cara. E logo imaginei uma tentativa de suruba por parte de algum engraçadinho, o que não demorou para acontecer.
   Logo percebi que Diego, um cara muito chato, não parava de olhar para as minhas pernas. Liguei meu alarme interno para ficar esperta e sempre que podia o olhava de canto. Ele era bonitinho, mas muito ordinário. Um cabelo meios espetado, meio bagunçado, olhos castanhos e jeans rasgados. Se sentia o próprio underground, andava com os roqueiros mas não passava de um filhinho de papai. Achava que todas as garotas tinham a obrigação de transar com ele. Era impressionante!
   Claro que no meio da noite eu parei de me preocupar com Diego. Afinal de contas, eu estava em boa companhia. Meus amigos estavam lá. Mas eu comecei a ficar alegrinha de mais e a falar arrastado. Estava rolando uma variedade de músicas e minha empolgação se tornou maior do que eu. Adivinha o que fiz? Fui para o meio da sala dançar como se não houvesse o amanhã. Obviamente, depois de algumas horas, eu não era a única bêbada e algumas outras pessoas se juntaram a mim. A única coisa que me lembro é que depois de um tempo, eu só enxergava vultos dançando comigo.
   Depois disso, me lembro da sensação de ser arrastada para um quarto. Minhas pernas estavam se embolando e eu não conseguia decidir muita coisa por conta própria. Comecei a rir e gritar qualquer coisa. Não me lembro muito. E então reconheci a voz de Diego, me dizendo alguma coisa que eu não gostei. Comecei a chorar. Chorar e rir. Chorar e rir. Chorar e rir. Tudo ao mesmo tempo. E então me lembro de ser jogada para um cama. Era a cama do Renato, a única da casa. Comecei a sentir nojo da situação e acho que comecei a gritar e espernear. De repente, tinha alguém por cima de mim me beijando! E o pior, comecei a gostar daquilo. E de repente eu não conseguia mais me movimentar. Lembro de ouvir uma música muito alta ao fundo. Provavelmente ninguém estava preocupado comigo. Estavam todos bêbados.
   

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